Prevenção e Reabilitação Cardiovascular - page 277

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Estatinas e outros antidislipidémicos
COX-2). Ainda que seja judicioso a determinação antes do tratamento da creati-
nina, não há justificação para a sua avaliação iterada, nem para – à luz dos efeitos
favoráveis renais derivados dos estudos de intervenção – recear uma qualquer
associação com a deterioração renal.
O valor do fenofibrato foi avaliado no estudo ACCORD-LIPID, com 5518
diabéticos tipo 2, tratados com sinvastatina (20-40 mg/dia) e subsequentemente
aleatorizados para fenofibrato ou placebo, seguidos durante 4,7 anos
72
. O LDL-C
médio na aleatorização era 80 mg/dl; 37% dos doentes já tinham história de
doença CV. A análise pré-especificada do subgrupo de doentes com TG � 204
mg/dl e HDL � 34 mg/dl confirmou o pior prognóstico dependente da dislipide-
mia aterogénica: a incidência de morte CV, EM ou AVC foi 70% maior nos doen-
tes que receberam o placebo (17,32%
versus
10,11% na ausência de dislipidemia
aterogénica), mesmo estando medicados com uma estatina e apresentando um
LDL-C = 80 mg/dl. A adição de fenofibrato nestes doentes levou a uma redução
de 31% nos eventos CV
major
(12,37%
versus
17,32% no placebo), bastando tratar
20 doentes durante cinco anos para evitar um evento. A terapêutica combinada
foi bem tolerada (os eventos adversos graves no músculo ou no fígado foram
similares ao placebo). Registou-se uma baixa incidência de elevações significativas
da alanina aminotransferase nos doentes com fenofibrato, justificando a vigilância
da função hepática na terapêutica combinada.
A disponibilização de associações fixas de estatina e fenofibrato responde a
uma necessidade atual da prática clínica. As manifestações clínicas da ateroscle-
rose estão a mudar por diversas razões: alterações demográficas; um novo perfil
de fatores de risco; legislação para proteger o fumador passivo; maior utilização
das estatinas. Entre os doentes admitidos hoje por SCA, crescem as proporções
de mulheres, jovens (mas também muito idosos), diabéticos, obesos, indivíduos
com insulino-resistência, hipertrigliceridemia e baixos níveis de HDL-C. Possivel-
mente estas modificações sustentam a maior proporção de SCA sem supra de ST
e a superior relação com a erosão da placa. Na era das estatinas, assumem par-
ticular importância as intervenções que reduzem os TG (e, consequentemente,
o colesterol das remanescentes) e melhoram a função das HDL, para reduzir a
carga de doença nos indivíduos mais suscetíveis a eventos residuais
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.
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