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Antidepressivos e ansiolíticos em doentes cardíacos
a alteração da agregação plaquetária, a diminuição dos níveis de serotonina das
plaquetas, e a redução da contagem plaquetária
53,54
. O risco hemorrágico associado
aos antidepressivos não é dose dependente em todos os casos. Os triciclícos, em
particular, podem estar associados a aumentos do risco hemorrágico dose depen-
dente, sobretudo a nortriptilina e a amitriptilina
53
. No caso dos SSRIs, o risco de
hemorragia ocorre particularmente no primeiro mês de utilização
55
. Apesar das
diferenças de metodologia, a maioria dos estudos sugere um aumento de duas a
três vezes do risco hemorrágico em doentes medicados com SSRIs
56,57
. A tromboci-
topenia, em particular, tem vindo a ser associada a vários antidepressivos, incluindo
a amitriptilina, a nortriptilina, a imipramina, a clomipramina, a sertralina e a mir-
tazapina; mas também a alguns ansiolíticos como o clonazepam e o diazepam
56,58
.
Interação com a varfarina
A varfarina é um fármaco largamente prescrito e disponível há mais de 60
anos. É conhecido pelo seu estreito índice terapêutico e consequente neces-
sidade de manutenção de níveis terapêuticos rigorosos para atingir a máxima
eficácia com o mínimo risco de eventos adversos. Assim, mesmo as interações
medicamentosas associadas a pequenas alterações da concentração de varfarina
podem condicionar eventos hemorrágicos ou trombóticos significativos.
Apesar da sua elevada eficácia e tolerabilidade clínica, os SSRIs têm vindo
a ser referidos em diversas
guidelines
59,60
acerca do uso da varfarina como um
dos grupos farmacológicos com maior risco de potencialmente aumentar o INR
(Razão normalizada internacional) e provocar uma hemorragia.
A fluvoxamina e a fluoxetina são os SSRIs com maior probabilidade de inibir
o metabolismo da varfarina e pensa‑se que possuem um potencial de interação
relativamente elevado de interferir com a varfarina, quando comparados com a
sertralina e o citalopram, ambos considerados com sendo os de menor risco de
interação
61‑65
. Esta informação é suportada por vários
case reports
61,62,66‑71
e deve
ser tida em conta aquando da escolha de um antidepressivo num doente com
comorbilidade cardíaca.
Na Tabela 7 encontram‑se assinalados os riscos de inte-
ração para cada fármaco antidepressivo ou ansiolítico, qual o efeito expectável no
INR e quais os estudos que suportam essa evidência.
