Estratégias para fomentar a adesão à terapêutica
323323
Diversos estudos em prevenção cardiovascular primária, secundária e ter-
ciária, demonstram o impacto negativo da quebra de adesão em indicadores de
saúde como a morbilidade, reinternamentos e mortalidade
16,17,18,19,20
.
Dada a importante influência do prescritor na adesão ao tratamento, médi-
cos, serviços, organizações, devem estabelecer estratégias de monitorização e
reforço da adesão ao tratamento
19
, principalmente no que concerne às patologias
mais prevalentes e significativas para a população que seguem.
Auto‑reflexão: que estratégias já utiliza?
Todos os profissionais de saúde utilizam estratégias para que os seus doen-
tes adiram às terapêuticas que prescrevem.
É interessante tomar consciência dessas estratégias, muitas vezes utilizadas
de forma intuitiva, buriladas pela experiência clínica. Propõe‑se então uma refle-
xão sobre as técnicas que utiliza mais usualmente e aquelas a que recorre nos
casos mais difíceis.
Como exemplo:
O Dr. B é cardiologista; como o seu tempo é muito limitado, antes da sua
consulta todos os doentes são avaliados por enfermeiro que, entre outras ações,
faz a medição da pressão arterial, frequência cardíaca e peso. O Dr. B fica assim
com uma ideia da adesão ao tratamento antihipertensor e beta‑bloqueador dos
seus doentes e o fato de se interessar pela sua avaliação transmite ao doente uma
noção de como o tratamento é importante. Pelo peso verifica se há problemas
com a adesão à dieta. Em todas as consultas B pede aos doentes que lhe levem a
lista, ou caixas, dos medicamentos que estão a tomar, e questiona para cada um,
a forma como estão a ser tomados. Pergunta sempre sobre os hábitos tabágicos
e atividade física. Evita fazer críticas ou comentários negativos quando as repos-
tas revelam falta de adesão, adotando uma atitude interessada sobre as causas da
não adesão, ou as dificuldades enfrentadas. Com base nessa conversa, procura
estabelecer com os seus doentes um plano para ultrapassá‑las, ou fazer um ajuste
no plano terapêutico de forma a que seja considerado exequível e aceitável pelo
doente. Prescreve sempre número de embalagens suficientes até à próxima con-
sulta e verifica se as posologias estão bem claras nas receitas.