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Fatores de risco modificáveis: tabagismo, sedentarismo, obesidade, síndrome metabólica,
dislipidémia, hipertensão arterial, diabetes e fatores psicossociais
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inicia a cessação tabágica. A bupropriona inibe a recaptação neuronal das cateco-
laminas (noradrenalina e dopamina), atuando a nível central. As doses devem ser
aumentadas progressivamente e a cessação tabágica só deve ser efetuada a partir
do 14.º dia de tratamento. A duração máxima de tratamento deverá ser de três
meses. A vareniclina é um agonista parcial dos recetores nicotínicos
α
4
β
2, ate-
nuando os sintomas de abstinência e dependência (atividade agonista), com redu-
ção dos efeitos compensatórios e de reforço do tabaco (atividade antagonista).
A dose deve ser também aumentada progressivamente e a cessação tabágica só
deve ocorrer após 7 a 14 dias de terapêutica. Finalmente, a nortriptilina, um
antidepressivo tricíclico, atua por um mecanismo ainda não esclarecido, reco-
mendando-se também aumento progressivo da dose. Tal como para os fármacos
anteriores, a suspensão tabágica só deve ocorrer após 14 dias de tratamento.
Contudo, todos estes fármacos apresentam alguns efeitos adversos, pelo que
na escolha do fármaco devem estar presentes as eventuais contraindicações. Os
efeitos acessórios podem limitar a adesão a estas terapêuticas.
Sedentarismo
Combater o sedentarismo em prevenção secundária deverá ser preferen-
cialmente realizado em programas estruturados de reabilitação cardíaca
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. Esta
deve ser iniciada precocemente após enfarte do miocárdio, com a reabilitação de
fase I (intra-hospitalar), que irá promover a autonomia e confiança dos indivíduos
no retorno à sua vida habitual. Esta fase deve ser seguida pela reabilitação extra-
-hospitalar de fase II, onde o indivíduo é avaliado como um todo, não apenas do
ponto de vista de capacidade de exercício mas também dos restantes fatores de
risco e da sua situação clinica, permitindo estimar o risco de complicações com o
esforço. Esta avaliação indicará em que tipo de programa o doente será seguido:
um programa com maior vigilância por cardiologista e em ambiente hospitalar ou
um programa extra-hospitalar com uma vigilância menos controlada. Os diversos
programas existentes visam, no que diz respeito ao sedentarismo, estimular uma
prática segura e eficaz de exercício físico, adequada às capacidades e desejos do
indivíduo e com vista a uma fase mais tardia de manutenção regular da atividade
física.