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Pedro Silva Cunha
Beta-bloqueantes e outros fármacos redutores
do cronotropismo cardíaco
Introdução
A redução do cronotropismo cardíaco é frequentemente almejada em
doentes que frequentam programas de reabilitação cardíaca. Nesse contexto,
a terapêutica beta‑bloqueante desempenha um papel central no tratamento das
doenças cardiovasculares. De facto, não conseguimos encontrar um grupo de
medicamentos que possua uma aplicação tão diversificada nessas doenças como
os beta‑bloqueantes.
Estes fármacos encontram‑se indicados no tratamento da cardiopatia isqué-
mica, hipertensão arterial, miocardiopatia hipertrófica, arritmias supraventricula-
res e ventriculares, na insuficiência cardíaca e até em algumas das doenças valvu-
lares (como por exemplo, no prolapso mitral).
As aplicações dos beta‑bloqueantes estendem‑se além das doenças cardía-
cas e são utilizados em doentes com hipertiroidismo, doença hepática crónica
e hipertensão portal, na ansiedade, na profilaxia da enxaqueca e até no tremor
essencial.
Foram descobertos em 1962, tendo este facto levado à atribuição do prémio
Nobel ‑ 26 anos depois – ao pesquisador James Black
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Ação farmacológica
Os beta‑bloqueantes são também conhecidos como bloqueadores beta‑a-
drenérgicos devido à sua ação farmacológica específica sobre os recetores celu-
lares beta.
Os recetores beta 1 encontram‑se na membrana celular do músculo car-
díaco (sarcolema), sendo parte do sistema da adenilciclase.
Estes recetores constituem um subgrupo de recetores adrenérgicos (sendo
o outro subgrupo os recetores alfa), cuja resposta fisiológica consiste em aumento