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Brenda Moura, José Silva Cardoso
Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA),
e antagonistas dos recetores da angiotensina (ARA)
na insuficiência cardíaca e na doença coronária
Os IECA e os ARA na insuficiência cardíaca
Na insuficiência cardíaca (IC) com fração de ejeção (FE) reduzida
Nas décadas de
1980
e
1990
, foram realizados diversos estudos com IECAs
em doentes com FE<40% ‑ CONSENSUS, SOLVD e V‑HeFT‑II, na IC crónica,
e SAVE, AIRE, TRACE e SMILE na IC pós enfarte. Em todos eles os resultados
demonstraram a supremacia do tratamento com
IECAs
: verificou‑se melhoria
da arquitetura do ventrículo esquerdo e da fração de ejeção, melhoria dos sinto-
mas e redução das hospitalizações e da mortalidade. A redução de mortalidade
variou, nos diversos estudos, entre os 20 a 40 %, quando comparada com a do
braço com terapêutica
standard of care
.
Considera‑se que os benefícios demonstrados são de tal forma significativos,
que os IECAs devem ser prescritos a todos os doentes com IC e fração de ejeção
reduzida, a não ser que não tolerados ou contraindicados
1
.
As contraindicações são a existência de estenose bilateral da artéria renal,
a história de angioedema e a gravidez. A hipercaliémia, a insuficiência renal, e a
hipotensão sintomática ou acentuada são situações nas quais pode ser necessário
enviar o doente a um médico com experiência na área de IC.
As doses, que se devem tentar atingir, são aquelas que foram utilizadas nos
estudos, e que portanto demonstraram benefício. Todos os esforços devem ser
feitos para que essas doses sejam atingidas; o facto de os doentes apresentarem
hipotensão ligeira, assintomática, não é motivo para a redução de dose. Assim
como o facto de os doentes estarem clinicamente estáveis/assintomáticos, não
deve ser motivo para o não aumento da dose.