Beta-bloqueantes e outros fármacos redutores do cronotropismo cardíaco
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Os seus principais efeitos adversos cardiovasculares advêm igualmente do
bloqueio dos recetores beta‑adrenérgicos, sendo os mais importantes, o agrava-
mento ou a precipitação de descompensação de insuficiência cardíaca e os efeitos
na redução do cronotropismo.
Não obstante o importante papel dos bloqueadores beta no tratamento da
insuficiência cardíaca, a sua utilização em algumas situações específicas poderá ser
igualmente um fator de descompensação desta doença. Por exemplo, no caso de
doentes com disfunção ventricular esquerda não conhecida previamente e que
se encontram marginalmente compensados devido essencialmente à presença de
um
drive
simpático elevado – permitindo desta forma a manutenção do débito
cardíaco – poder‑se‑á precipitar descompensação da insuficiência cardíaca, caso
sejam administrados beta‑bloqueantes.
Deve, no entanto, destacar‑se que nos doentes com insuficiência cardíaca
crónica estável, apenas numa pequena minoria, ocorre descompensação após o
início desta terapêutica. A título de exemplo salienta‑se que num estudo com
carvedilol, apenas em 6% dos doentes, ocorreu algum tipo de descompensação
após o início do fármaco
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É um efeito espectável após o início de terapêutica, a observação dos efeitos
cronotrópicos negativos, como a redução da frequência cardíaca em repouso e a
ocorrência de bradicardia sinusal.
Os beta‑bloqueantes atuam também sobre a condução auriculoventricular,
pelo que, potencialmente, poderão causar bloqueio auriculoventricular completo,
particularmente em doentes que possuam doença ‑ previamente não diagnosti-
cada ‑ da condução de base.
Doença cardiovascular e terapêutica beta‑bloqueante
Nas últimas décadas a evolução na terapêutica farmacológica da doença car-
diovascular tem sido significativa, destacando‑se quatro grupos de fármacos, os
inibidores da enzima conversora da angiotensina, as estatinas, os anti‑agregantes
plaquetários e os beta‑bloqueantes
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