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Brenda Moura, José Silva Cardoso
Recomenda‑se, portanto, que doentes com doença coronária estável, espe-
cialmente se com hipertensão, FE<40%, insuficiência renal crónica ou diabetes,
sejam medicados com IECA a não ser que não tolerados ou contraindicados.
No entanto, nem todos os estudos em doentes com doença coronária e FE
preservada reproduziram estes resultados. No estudo PEACE
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, no qual foram
aleatorizados 8290 doentes, com doença coronária e fração de ejeção normal,
não foi possível confirmar os bons resultados previamente observados em outros
trabalhos, como por exemplo no estudo EUROPA
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. Se compararmos as popu-
lações dos dois estudos verificamos que os doentes do PEACE apresentavam
na admissão um valor de pressão arterial semelhante ao registado no EUROPA,
mas uma maior percentagem de doentes estava sob terapêutica com estatinas e
havia também um maior número de doentes previamente submetidos a revas-
cularização miocárdica. Estes doentes apresentaram uma taxa de mortalidade
semelhante à da população geral, demonstrando o seu baixo risco.
Poder‑se‑ia, portanto, considerar que doentes com doença coronária
conhecida, incluindo enfarte do miocárdio não recente, sem depressão da FE, ou
doentes com diabetes
mellitus
e com fatores de risco controlados, não obteriam
benefício adicional com a toma de IECA.
No entanto, uma meta‑análise publicada em 2006 de sete estudos em doen-
tes com doença coronária e sem depressão da função ventricular esquerda nem
insuficiência cardíaca
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(PEACE, CAMELOT, SCAT, Part‑2, HOPE, EUROPA,
QUIET) mostrou redução altamente significativa na mortalidade global e em
todos os objetivos
major
.
Será de concluir, portanto, que os IECA deverão ser dados a todos os doen-
tes com doença coronária, independentemente da sua fração de ejeção.
Os ARA, neste contexto, foram testados em dois estudos:
• O OPTIMAAL
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incluiu 5477, aleatorizados para captopril ou losartan,
seguidos durante 2,7 anos. Este culminou com uma redução da mortali-
dade mais acentuada no grupo Captopril, embora não estatisticamente
significativa. O Losartan mostrou ser um fármaco melhor tolerado que
o Captopril.
• O VALIANT
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incluiu 14 700 doentes, que foram aleatorizados em três
braços para captopril, valsartan, ou captopril+valsartan. No final de dois