Avaliação da idade biológica
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de progresso de várias doenças crónicas degenerativas, facilita o reconhecimento
dos indivíduos em risco do seu desenvolvimento
12
. Por isso, bons «biomarcadores
do envelhecimento humano» são urgentemente necessários, para permitir iden-
tificar estes indivíduos mais suscetíveis a incapacidades relatadas com a idade. O
seu desenvolvimento poderá vir a permitir intervenções preventivas, com modi-
ficações sustentadas dos estilos de vida, melhoria da qualidade de vida e trata-
mento precoce de doenças em fase inicial
12, 13
.
Avaliação geriátrica global
Uma ferramenta importante em geriatria clínica é a avaliação geriátrica glo-
bal (AGG)
14‑17
. A AGG é a «avaliação multidisciplinar do idoso nos planos em que
é deficitário – físico, mental, funcional, social – com o objetivo de estabelecer
e coordenar planos de cuidados, serviços e intervenções, que respondam aos
seus problemas, às suas necessidades e às suas incapacidades»
17
. Difere, pois, da
avaliação clinica clássica porque inclui domínios não médicos, enfatiza a avaliação
funcional e é, genuinamente, multidisciplinar (médico, enfermeiro, técnico do ser-
viço social e fisioterapeuta). É um processo diagnóstico multidimensional (Tabela
2) que procura conhecer com mais rigor os problemas médicos e mentais, as
capacidades funcionais e as circunstâncias sociais do idoso, de modo a facultar
uma resposta mais completa e harmonizada dos profissionais de saúde (estru-
turada num plano integrado de tratamento, reabilitação, apoio e seguimento a
mais longo prazo
16
). Idealmente, o objetivo dessa intervenção é a restauração das
funções e a independência do idoso, tanto quanto possível, com a eliminação das
incapacidades e do sofrimento. Quando um idoso é admitido no hospital, a AGG
é o melhor preditor de mortalidade, superando, em muitos casos, a classificação
da NYHA
14
.
Habitualmente, são duas as principais escalas de avaliação geriátrica que pre-
tendem aquilatar o estado funcional do idoso: uma, a escala de Katz, permite
avaliar a autonomia de realização das atividades básicas da vida diária (ABVD) e
uma outra, a Escala de Lawton e Brody que estima a autonomia de execução das
atividades necessárias à vida em comunidade (atividades instrumentais da vida
diária, AIVD). Para além destas, existe ainda a Classificação Funcional da Marcha