Fatores de risco não modificáveis – história familiar ou genética
757
Para compreender melhor qual o impacto da história familiar em relação a
cada progenitor, Sesso
et al
14
estudaram o efeito separado da história materna
e paterna de enfarte agudo do miocárdio (EAM) no risco de DCV. Este estudo
confirmou que a história familiar positiva para eventos prematuros confere um
risco aumentado em relação a idades superiores. Concluiu também, que a idade
materna representa um marcador de DCV, particularmente nos descendentes
homens, mesmo quando a mãe teve o EAM com idade avançada, entre os 70‑79
anos. Neste estudo também se comparou o risco conferido isoladamente pela
positividade da história familiar materna, paterna, ou ambas, em relação aos
diferentes géneros, com os respetivos riscos relativos aumentados:
‑ Em relação aos descendentes homens de (1,71)
versus
(1,40)
versus
(1,85)
respetivamente;
‑ Em relação às descendentes mulheres de (1,40)
versus
(1,15)
versus
(2,05)
respetivamente.
Estes resultados sugerem que a história materna confere um risco
aumentado de DCV relativamente à história paterna, e que a idade materna,
mesmo avançada, pode ser potencialmente relevante para predizer o risco
de DCV.
A história familiar de DAC coexiste habitualmente com outros fatores de
risco cardiovascular
5
. Sabemos que os hábitos comportamentais são habitual-
mente partilhados no seio familiar. A diferença de predição do risco nos diferen-
tes estudos, em relação à história familiar, pode estar associada à sua interação
com os outros marcadores. Isto explicaria o motivo pelo qual a morte cardiovas-
cular em fumadores com história familiar positiva para DAC é superior ao espe-
rado. Uma percentagem significativa destas mortes estaria associada somente à
interação da história familiar com o hábito de fumar
16
. Este facto tem importantes
implicações clínicas, já que num indivíduo com história familiar positiva, qualquer
outro fator de risco adicional pode ter maior impacto, e como tal, deverá ser
corrigido tão precocemente quanto possível, diminuindo assim o risco global.
Este conhecimento servirá de medida de persuasão para que os doentes adotem
um estilo de vida saudável e uma oportunidade para transmitir conselhos pre-
