Manuel Oliveira Carrageta, Pedro Marques da Silva
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São sinais comuns de fragilidade, de acordo com Fried, a fadiga, a perda não
intencional de peso, a falta de força muscular, a lentidão, a imobilidade e o declínio
progressivo das funções e das reservas fisiológicas (bem como a vulnerabilidade
aumentada à doença e à morte). Estas alterações multissistémicas nem sempre
são olhadas como doenças, mas aumentam a suscetibilidade à doença aguda, que-
das, incapacidade e institucionalização e colocam os idosos num risco acrescido
de mortalidade CV e total
25
.
Cerca de 20% dos idosos pertence ao subgrupo dos doentes frágeis
26
. Cui-
dar dos idosos frágeis é uma das situações médicas mais difíceis de gerir, devido à
enorme abundância de sintomas, à sua complexidade clinica e à frequente neces-
sidade de apoios sociais.
Na fragilidade, múltiplos domínios são afetados, incluindo o neuromuscular,
o metabólico e o imunológico, a mobilidade, a força e a resistência muscular, a
nutrição e a função cognitiva com a consequente vulnerabilidade
24, 26
. A compreen-
são da sua fisiopatologia tem sido crescente (Figura 2). As alterações hormonais
desempenham um papel no declínio da força e da massa muscular característico
da fragilidade. A inflamação sistémica, iterada e crónica, e as anomalias endocrí-
nicas (queda das hormonas sexuais com a menopausa, descida gradual da testos-
terona, resistência à insulina e redução da IGF‑1) são frequentes. Os marcadores
de inflamação (e.g. interleucina‑6 [IL‑ 6] e proteína C reativa) estão elevados na
síndrome de fragilidade. A IL‑6 está fortemente associada à sarcopenia e à perda
de peso e pode contribuir para a anemia, ao inibir a produção de eritropoietina. O
estado inflamatório contribui também para outros efeitos hematológicos, como
a ativação da coagulação
27
. A deficiência em vitamina D é largamente prevalente e
pode estar associada a fraqueza muscular. Mais estudos sobre a vitamina D estão
em curso
28,29
, de modo a sustentar uma possível estratégia de intervenção; con-
tudo, alguns autores, na presença de sarcopenia, recomendam já a determinação
da 25‑hidroxivitamina D (25{OH}D) sérica e a sua possível suplementação (se a
25{OH}D < 30 nmol/l), na prevenção das quedas
30
.
Com o envelhecimento há uma diminuição da massa e da força muscular.
Numerosos estudos mostraram que, em idosos, um programa de treino de resis-
tência aumenta a força e a massa muscular, assim como a velocidade da marcha.