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Antiarrítmicos
Antiarrítmicos nas arritmias ventriculares
Nos mecanismos subjacentes à ocorrência destas arritmias, que podem
manifestar‑se como ectopias isoladas frequentes (monomórficas ou polimórficas),
salvas de TV auto‑limitada, TV mantida ou fibrilhação ventricular, encontram‑se
as anomalias da formação do impulso, como as alterações do automatismo ou a
atividade
trigger
, com pós‑potenciais precoces e tardios, e a condução anormal do
impulso, com aparecimento de circuitos de reentrada, muitas vezes associados
à presença de áreas cicatriciais (particularmente em doentes com cardiopatia
isquémica). No grupo das diversas doenças associadas às arritmias ventriculares
destacam‑se a doença coronária aterosclerótica e as miocardiopatias, situações
clínicas em que a reabilitação cardíaca tem sido apontada como tendo um papel
na melhoria da capacidade funcional, sintomatologia, controlo dos fatores de
risco e redução da mortalidade
16,17
.
Os FAA têm sido utilizados em doentes selecionados para tratamento das
arritmias ventriculares sintomáticas, para reduzir o número de choques apropria-
dos (e tempestades arrítmicas) em portadores de CDI, melhorar a qualidade de
vida e diminuir as hospitalizações relacionadas com episódios arrítimicos. Os FAA
endovenosos disponíveis para interrupção de TV estão limitados à amiodarona,
lidocaína, procainamida e metoprolol, esmolol ou propranolol
18
.
Considerando o risco aumentado de taquidisritmias ventriculares (e con-
sequente morte súbita) em sobreviventes de EAM e na ICC com disfunção sis-
tólica é expectável que os programas de reabilitação cardíaca incluam doentes
sob medicação antiarrítmica e, frequentemente, com dispositivos cardíacos ele-
trónicos implantados. Neste contexto, o recurso a FAA deverá ser associado à
otimização terapêutica de acordo com a presença de isquemia miocárdica e/ou
ICC. Os estudos desenvolvidos nas décadas de 80‑90, envolvendo flecainida,
sotalol ou amiodarona, entre outros, não mostraram resultados favoráveis
no prognóstico após EAM com disfunção sistólica ventricular
19‑22
. Neste con-
texto, a amiodarona diminuiu a morte arrítmica sem, no entanto, influenciar a
mortalidade global, mas nos estudos CAST (com flecainida) ou SWORD (com
d‑sotalol) registou‑se aumento da mortalidade. A análise conjunta do EMIAT
e CAMIAT mostrou que o risco de mortalidade global, morte de causa car-