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Mário Oliveira
díaca e morte arrítmica era reduzido no grupo com terapêutica combinando
amiodarona e
β
‑bloqueante quando comparado com amiodarona ou
β
‑blo-
queante isolados, justificando assim a manutenção da terapêutica
β
‑bloqueante
quando se inícia a amiodarona nesta população
23
. Também nos portadores de
CDI, a combinação amiodarona e
β
‑bloqueante (comparada com
β
‑bloqueante
ou sotalol isolados) associou‑se a uma diminuição significativa do número de
choques apropriados (redução de 73% e de 57%
versus
β
‑bloqueante e sota-
lol, respetivamente)
24
. Atualmente, os FAA de maior utilização na presença de
cardiopatia estrutural são a amiodarona (com
β
‑bloqueante) e o sotalol. No
entanto, a dronedarona e o dofetilide, aprovados para prevenção da FA, e a
ranolazina, um agente anti‑isquémico com propriedades antiarritmicas, mos-
traram resultados positivos na redução de arritmias ventriculares em estudos
de pequena dimensão
25‑27
.
As situações de arritmias ventriculares sem cardiopatia estrutural, desig-
nadas por idiopáticas (do trato de saída, desencadeada por atividade
trigger
; ou
fascicular, por reentrada intrafascicular), ocorrem mais frequentemente em indi-
víduos jovens, aparentemente saudáveis, sendo as manifestações mais frequentes
as palpitações, tonturas ou síncope (habitualmente durante o exercício) e, muito
raramente, a morte súbita. As opções terapêuticas incluem o recurso a FAA e a
ablação por cateter, estando associadas a bom prognóstico.
As arritmias do trato de saída têm origem, na maioria dos casos, na câmara
de saída do ventrículo direito (com ECG mostrando padrão de bloqueio de ramo
esquerdo e eixo inferior) (Figura 2), apresentando‑se como arritmia extrassistó-
lica frequente, formas repetitivas não mantidas ou TV induzida pelo exercício/
stress
. São sensíveis à adenosina (podendo também terminar com lidocaína ou
verapamil), e têm como opção terapêutica de primeira linha os
b
‑bloqueantes
ou antagonistas dos canais de cálcio (embora com eficácia a longo‑prazo
≤
50%)
28
.
A TV fascicular caracteriza‑se pela morfologia de bloqueio completo do
ramo direito do feixe de His (na maioria dos casos com desvio esquerdo do eixo
eléctrico) (Figura 3), possibilidade de indução com
pacing
auricular e interrupção
com administração de verapamil (a adenosina não tem efeito nesta arritmia).
Nestas situações, a ablação por cateter deve ser considerada quando os fárma-
cos são ineficazes, não tolerados (ou por opção do doente), ou na presença de