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Pedro Marques da Silva, Carlos Aguiar
estatinas que não sofrem modificação metabólica, em particular no risco de mio-
toxicidade (como sobrevém com a variante alélica do gene
SLCO1B
: SLCO1B*5).
Prevenção das doenças cardiovasculares
Nas últimas três décadas, a esperança de vida melhorou cerca de dez anos.
O declínio progressivo da mortalidade CV é responsável por, pelo menos, sete
dos anos ganhos de vida. A prevenção das doenças cardiovasculares (DCV) con-
tribuiu mais para os ganhos do que o seu tratamento
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. Contudo, as DCV perma-
necem a primeira causa de morte em Portugal, na Europa e no mundo.
Estamos longe de esgotar o potencial máximo de prevenção das DCV. Cerca
de metade das DCV em indivíduos > 30 anos de idade é atribuível à falta de con-
trolo da pressão arterial, 31% ao excesso de colesterol e 14% ao fumo de tabaco;
no conjunto, só estes três fatores de risco são responsáveis por 65% das DCV
naquela faixa etária. Os estudos INTERHEART e INTERSTROKE mostram que
até 90% dos enfartes agudos do miocárdio (EAM) e dos acidentes vasculares
cerebrais (AVC) são atribuíveis a fatores de risco modificáveis. A comparação das
taxas de mortalidade padronizadas pela idade nas sub-regiões de saúde de Portu-
gal mostra, no ano 2008, uma variação máxima de 43% para as mortes de causa
cerebrovascular e de 75% para as de causa isquémica cardíaca.
Alguns fatores de risco aterosclerótico têm uma relação contínua com o
risco de DCV e, por este motivo, a decisão de intervir é centrada, caso a caso, no
risco global. O LDL-C e a pressão arterial (TA) são exemplos de fatores de risco
contínuos. Para uma determinada redução do nível de LDL-C, obtém-se uma
redução correspondente do risco de DCV, independentemente do nível inicial de
LDL: a meta-análise de 27 ensaios clínicos, envolvendo 174 149 doentes, mostra
que a redução de 39 mg/dl no LDL-C diminui o risco de eventos coronários
major
em 24%, de AVC isquémico em 21%, de mortalidade por DCV em 12% e de morte
por qualquer causa em 9%
3
.
No entanto, é essencial definir prioridades nesta intervenção
20
, fundamenta-
das com base no risco CV global (Figura 2) – concedendo uma redução de 30 mg/
dl no risco dos indivíduos em análise: como esperado, haverá uma menor proba-
bilidade de complicações CV nos próximos cinco anos mas, pela maior inclinação