Paulo Dinis, M. Carmo Cachulo, Lino Gonçalves
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ventivos sobre nutrição, exercício físico, tabaco, pressão arterial e controlo do
colesterol
17
.
Devido à contribuição de fatores genéticos e ambientais na história familiar,
desenvolveram‑se estudos onde se tentou controlar o fator ambiental
18
. Para
abordar esta problemática, Sorensen
et al
. estudaram 960 famílias entre os anos
de 1924‑1926 e fizeram o seu
follow‑up
até 1982
18
. O objetivo era comparar as
taxas de mortalidade entre os indivíduos adotados com história familiar positiva
(morte vascular antes dos 50 e 70 anos de pelo menos um dos progenitores) com
os adotados com os pais biológicos vivos. Concluíram que os primeiros apre-
sentavam taxas de mortalidade superiores. A morte de um progenitor biológico
antes dos 50 anos devido a patologia vascular associou‑se a um aumento do risco
de 4,5 vezes para o descendente, para o mesmo evento vascular. O impacto do
ambiente familiar foi mínimo, já que grande parte dos participantes foi institucio-
nalizada em lares logo após o nascimento.
Atualmente a história familiar, para além de ser um preditor de risco aumen-
tado de DCV, também representa um bom marcador para o risco genético de
doenças complexas. É simples de ser realizada, não é invasiva e o seu custo efe-
tivo é baixo; no entanto apresenta algumas limitações:
1) A história familiar prediz o mesmo risco para todos os membros da
mesma geração imediata (pais para filhos), apesar de existir 50% de variação
genética dentro da mesma família;
2) Em condições ideais, mesmo recorrendo à construção de uma árvore
genealógica de três gerações, é expectável que até 55% dos casos de DCV não
apresentem história familiar
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;
3) Muitos doentes não reportam aos seus médicos assistentes os incidentes
cardiovasculares dos familiares. Estudos referem que a perceção da história fami-
liar é dependente do género, classe social e mortalidade de familiares em 1.º grau
por DAC
20
. Os doentes do género feminino e os mais instruídos tendem a estar
melhor informados acerca das doenças dos progenitores. Por vezes, mesmo que
o doente saiba que tem história familiar positiva, não se apercebe que ele próprio
tem um risco acrescido de sofrer da mesma patologia.