Paulo Dinis, M. Carmo Cachulo, Lino Gonçalves
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pode ser importante para se identificarem novos alvos de intervenção e tera-
pêutica.
Estima‑se que existam mais de 400 polimorfismos envolvidos na DCV,
que afetam variados mecanismos: função endotelial, coagulação, inflamação e
metabolismo dos aminoácidos, lípidos e hidratos de carbono. Destes, o meta-
bolismo dos lípidos é provavelmente o que melhor se conhece, tendo‑se já
identificado vários genes envolvidos. A Apolipoproteína E (ApoE) é um mar-
cador molecular que modifica o risco de várias doenças, nomeadamente as
cardiovasculares. O polimorfismo do gene da ApoE pode afetar a atividade da
proteína, levando a um aumento ligeiro dos níveis de colesterol (polimorfismo
funcional)
21
.
Os determinantes genéticos não são preponderantes sobre os fato-
res ambientais ou comportamentais. Todas estas variáveis interagem influen-
ciando‑se mutuamente. Aceita‑se que certos genes podem predispor o indivíduo
para comportamentos não saudáveis, como o consumo excessivo de álcool ou
o tabagismo
22
. Outros podem contribuir para comportamentos benéficos, como
a prática regular de atividade física. Stubbe
et al
. analisaram a influência genética
em 37051 gémeos (13 676 monozigóticos e 23 375 dizigóticos). Neste estudo
os gémeos monozigóticos mostraram uma semelhança superior, em termos de
carga de exercício físico, competências físicas, peso corporal e até em termos de
personalidade
23
.
Por outro lado, os fatores ambientais ou comportamentais podem deter-
minar alterações genotípicas, por repressão ou ativação de genes latentes. Um
exemplo que espelha esta situação é o comportamento das DCV na população
japonesa. Esta população tem tipicamente uma baixa incidência e prevalência de
DCV. No entanto, quando os japoneses emigram para os Estados Unidos da
América, estas variáveis aumentam, aproximando‑se das descritas para a popula-
ção americana
24
. Outro exemplo é o que acontece com a «aculturação» de certas
tribos indígenas, que no passado não apresentavam os fatores de risco cardiovas-
cular clássicos, mas com a mudança dos hábitos alimentares, nomeadamente com
o consumo excessivo de sal, desenvolvem hipertensão arterial, vindo a apresen-
tar níveis próximos aos da população geral
25
.
