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Ana Teresa Timóteo
Fatores de risco modificáveis: tabagismo, sedentarismo, obesidade,
síndrome metabólica, dislipidemia, hipertensão arterial,
diabetes e fatores psicossociais
Em prevenção secundária, o controlo rigoroso dos fatores de risco é parti-
cularmente importante. Na verdade, a presença de doença cardiovascular (CV)
coloca estes indivíduos em muito alto risco CV, ou seja, com risco superior a 10%
de mortalidade CV a 10 anos
1
. O estudo INTERHEART mostrou que até 90% dos
enfartes do miocárdio são atribuídos a fatores de risco modificáveis
2
. Dados simi-
lares – apesar da contribuição diferencial dos diferentes fatores de risco – foram
também sublinhados pelo estudo INTERSTROKE na doença cerebrovascular
3
.
Não sendo possível atuar sobre os fatores não modificáveis, resta-nos uma atua-
ção intensiva sobre aqueles que podemos efetivamente modificar. Assim, hiper-
tensão arterial, dislipidemia, diabetes
mellitus
, obesidade, síndrome metabólica,
sedentarismo e tabagismo devem ser rigorosamente controlados. As sociedades
científicas europeias e americanas são consensuais nesta matéria e as recomenda-
ções são praticamente sobreponíveis. De uma maneira geral, a abordagem destes
indivíduos em prevenção secundária deverá ser multifatorial e multidisciplinar.
De seguida, iremos abordar cada um destes fatores de risco, os objetivos de
tratamento e as estratégias para o seu controlo.
Tabagismo
O tabagismo é um fator de risco CV extremamente importante e com uma
prevalência significativa em indivíduos com doenças CV. Em Portugal, o consumo
de tabaco foi responsável por 3777 mortes por doenças do aparelho CV (11,2%
do total de óbitos por esta causa), ou seja 1 em cada 10 mortes por cardiopatia
isquémica podem ser imputadas ao tabagismo
4
. O registo GRACE, de doentes
com síndromes coronárias agudas, reportou uma prevalência de 56,7% de fumado-
res
5
. Também em Portugal, o Registo Nacional de Síndromes Coronárias Agudas