Alberto José de Araújo
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elevadas taxas de mortalidade e progressiva incapacidade. Uma vez instaladas,
elas conduzem a uma rápida deterioração da qualidade e da expetativa de vida
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Tabela 1.
Principais doenças relacionadas com o tabaco
(percentagem relativa)
25% das doenças coronárias e enfarte do miocárdio
85% das doenças pulmonares obstrutivas crónicas (DPOC)
90% dos casos de cancro de pulmão
30% de todos os tipos de cancro (pulmão, boca, faringe, laringe, esôfago, pâncreas, rim,
bexiga, colo de útero, mama e fígado)
25% das doenças cerebrovasculares
Fonte: OMS, 1997.
O fumo do tabaco contém diversas substâncias químicas que contribuem
para o enrijecimento das artérias (aterosclerose), o que dificulta o trabalho car-
díaco, favorecendo o enfarte do miocárdio. A nicotina, o monóxido de carbono e
os gases oxidantes presentes no fumo do tabaco são os principais agentes envol-
vidos na agressão ao endotélio vascular gerando as DCV. Além destes, os hidro-
carbonetos aromáticos policíclicos e outros produtos da combustão do tabaco
também contribuem para a lesão do endotélio vascular.
A nicotina produz intenso efeito colinérgico no sistema nervoso central
(SNC), gerando aumento da produção de dopamina, adrenalina, vasopressina e
outras endorfinas, o que eleva a frequência cardíaca e a pressão arterial.
O monóxido de carbono (CO) tem maior afinidade pela hemoglobina do
que o oxigénio, formando a carboxihemoglobina, diminuindo assim a oxigena-
ção do miocárdio e dos tecidos, levando à hipoxia. Também por efeito com-
binado da nicotina e do CO, ocorrem lesões no endotélio vascular levando
ao estreitamento do lúmen. O CO parece ser mais nocivo do que a nicotina