Estratégias para deixar de fumar - Como ajudar o fumador com doença cardíaca
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Tratamento do tabagismo nas DCV
Manifestações clínicas no tabagismo
Ao contrário de outras patologias que apresentam sinais e sintomas carac-
terísticos, as alterações clínicas mais relevantes relacionadas com o tabaco
somente são percebidas após longo tempo de latência. Em geral, o fumador não
costuma atribuir ao tabaco os primeiros sinais de perturbações orgânicas, como
por exemplo, a queda no desempenho em atividades físicas, crendo tratar‑se de
cansaço por
stress
. Assim, a maioria dos fumadores procura ajuda terapêutica
somente quando surgem manifestações de alguma doença relacionada com o
tabaco (DRT), como por exemplo, o EM, ou se precisam parar por alguma razão
temporal, como uma cirurgia.
O cigarro tem um papel, segundo muitos fumadores, de
amigo de todas as
horas ou companheiro dos momentos difíceis
, todavia, na verdade é um sorrateiro
inimigo responsável por 55 patologias diversas. Dois em cada três fumadores
poderão morrer de alguma doença relacionada com o cigarro. A expetativa de
vida dos doentes que não param de fumar pode ser reduzida em até 10 anos
comparada aos não‑fumadores.
Enfoque diagnóstico no tabagismo
Diante de um doente fumador que procura ajuda profissional, devemos
valorizar:
1. Colher história clínica completa, incluindo presença de comorbilidades e
outros fatores de risco.
2. Levantar dados relativos à dependência e a atitude do fumador diante desta.
3. Valorizar o estadio de motivação em que se encontra o fumador.
4. Valorizar o grau de dependência (Escala de Fagerström).
1.1
Histórias Clínica e Tabágica
Na anamnese deve-se indagar sobre relevantes comorbilidades clínica e/ou
psiquiátrica (diabetes, hipertensão arterial, depressão, alcoolismo etc.), medicação
de uso contínuo e a presença de outros fatores de risco (dislipidemia, uso de con-
tracetivos orais ou estrogénios) ou de estados fisiológicos (gestação e lactação).