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Pedro Marques da Silva, Carlos Aguiar
que potenciam o risco de DCV (qualificadores): obesidade abdominal associada
ao sedentarismo; hipocolesterolemia HDL associada a hipertrigliceridemia; his-
tória familiar de DCV em parente de primeiro grau e em idade prematura (<
55 anos no homem ou < 65 anos na mulher). Por exemplo, a história familiar
aumenta 2 x o risco de DCV nos homens e 1,7 x nas mulheres.
Tabela 2
Prioridades da prevenção cardiovascular
Risco CV muito elevado
Risco CV elevado
DCV estabelecida
Diabetes
mellitus
(tipo 1 ou tipo 2)
com, pelo menos, um outro fator de
risco e/ou lesão de órgão alvo
Doença renal crónica grave (TFG*
< 30 ml/min/1,73m
2
)
Assintomáticos com, pelo menos,
10% de risco de morte CV nos
próximos dez anos, estimado pelo
SCORE
Diabetes
mellitus
(tipo 1 ou tipo 2) sem
outro fator de risco ou lesão de órgão
alvo
Doença renal crónica moderada (TFG*
30 a 59 ml/min/1,73m
2
)
Assintomáticos com, pelo menos, 5% -
mas menos de 10% - de risco de morte
CV nos próximos dez anos, estimado
pelo SCORE
CT > 310 mg/dl ou LDL-C > 230 mg/dl
Hipertensão arterial grau 3
*TFG = taxa de filtração glomerular
A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) recomenda os seguintes objeti-
vos terapêuticos para o LDL-C: nos indivíduos com risco CV elevado, o LDL-C <
100 mg/dl; nos com risco muito elevado, o LDL-C < 70 mg/dl. Para compreender
estes pontos de decisão, é interessante ter em conta alguns aspetos da progres-
são das lesões ateroscleróticas. Há uma forte relação entre o nível de LDL-C e a
velocidade de progressão da aterosclerose coronária
22
. Para níveis de LDL-C <80
mg/dl, a aterosclerose deixa de progredir e pode até regredir. Este facto é crítico
para assimilar a importância de atingir os objetivos terapêuticos recomendados.
Consideremos um doente com risco CV muito elevado e um LDL-C inicial de
150 mg/dl que, depois de tratado, diminuiu para 95 mg/dl. Como o LDL-C > 80
mg/dl, a aterosclerose continua a progredir, ainda que mais lentamente. Por con-