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Pedro Marques da Silva, Carlos Aguiar
A terapeutica antidislipidemica combinada da uma estatina com outro far-
maco antidislipidemico – ezetimiba, fibratos e ácidos gordos
Ω
-3 – pode ser apli-
cada em casos selecionados e tem um papel secundário. A ezetimiba permite
reduções de 15- 20% do LDL-C e pode ser associada a uma estatina para tentar
alcançar o objetivo de LDL-C, se este não é atingido com a dose máxima tolerada
de estatina. Os fibratos estão indicados para prevenção das DCV nos indivíduos
com risco elevado ou muito elevado que mantêm TG > 200 mg/dl (depois do
objetivo do LDL-C e excluídas/corrigidas causas secundárias). Os ácidos gordos
Ω
-3 podem ser usados em casos selecionados de hipertrigliceridemia severa,
isoladamente ou em combinação com fármacos. O uso da terapêutica antidislipi-
démica sem estatina só deve ser considerado em casos de contraindicações ou
intolerância a estatina. Os esteróis e estanóis vegetais (2 g/dia) inibem a absorção
do colesterol e baixam em 8-10% o LDL-C 24. No entanto, o seu uso por rotina
não está recomendado na prevenção primária e secundária das DCV (mas, pode
ser admitido como adjuvante em situações particulares).
A dislipidemia mista é encontrada em um de cada três adultos com risco ele-
vado ou muito elevado de DCV, particularmente nos diabéticos, e a sua incidência
está a crescer. A hipertrigliceridemia altera o perfil das lipoproteínas plasmáticas,
aumentando o número de LDL pequenas e densas (sd-LDL) e de HDL pequenas
e densas (as primeiras mais aterogénicas do que as LDL nativas e as segundas mais
rapidamente depuradas). Numa meta-análise de cinco grandes ensaios clínicos
com fibratos, houve uma redução de 35% no risco de complicações macrovascu-
lares no subgrupo de doentes com dislipidemia mista
25
. Pelo exposto, e porque
o fenofibrato é o único fibrato recomendado para terapêutica combinada com
estatina (Agência Europeia do Medicamento), já estão disponíveis associações
fixas de estatina e fenofibrato.
Uso de estatinas em contextos clínicos específicos
Síndromes coronárias agudas
. Diversos ensaios controlados mostram as
vantagens da prescrição precoce de terapêutica intensiva com estatina
26-28
. A ESC
recomenda iniciar a estatina nos primeiros quatro dias do internamento. Nos doen-
tes com risco acrescido de efeitos adversos com doses altas de estatinas (e.g. ido-