Alberto José de Araújo
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Contudo, a compulsão pode persistir por muitos meses. Isso deve-se ao
facto de que mesmo que os recetores nicotínicos ao longo do tempo parem
de produzir a sensação de necessidade da nicotina, os estímulos ambientais
que se associaram ao tabagismo continuam e essas associações são difíceis de
apagar. Mais de 90% dos fumadores regulares relata ter tido pelo menos um
tipo de sintoma da síndrome de abstinência na última vez que tentou deixar
de fumar.
Tratamento farmacológico
A farmacoterapia deve ser utilizada com o objetivo de complementar a tera-
pêutica cognitivo‑comportamental e aliviar os sintomas de abstinência. Os medi-
camentos estão indicados quando doentes se enquadram nos seguintes critérios:
• Fumam 20 ou mais cigarros por dia;
• Fumam o primeiro cigarro do dia até 30 min após acordarem e fumam,
pelo menos, dez cigarros por dia;
• Tentativa prévia somente com a TCC e não conseguiram parar devido à
síndrome de abstinência;
• Casos em que não haja contraindicações ao uso dos medicamentos;
• Considerando‑se sempre o conforto, a segurança e a preferência do doente.
Os medicamentos são divididos em duas categorias básicas: terapêuticas de
reposição de nicotina (TRN) e terapêuticas não nicotínicas (TNN). Baseado em
evidências científicas a partir de estudos de meta-análise, as taxas de efetividade
e de abstinência para várias medicações comparadas ao placebo, após seis meses
de cessação, são demonstradas na Tabela 7.